23 de agosto de 2010

E se de repente... o poema


Para aqueles que ainda reclamam as minhas parcas qualidades poéticas, e para satisfazer algum narcisismo pessoal que, de vez em quando também faz falta, aqui vai um poema da minha autoria escrito em Abril deste ano.
Este poema surgiu quando, perto do meu aniversário, resolvi fazer uma retrospectiva dos principais acontecimentos desde o meu nascimento até 2010. E eis que me deparei com a estimativa que, em 1971, foi feita sobre o número de seres humanos sobre a terra.


Imagem: Richard Marchand


A CONTAGEM DAS ALMAS

Em 1971
eramos quatro bilhões de almas
sobre a terra,
se mais corpos animados
não houvesse então…
Mas como qualquer cristão
nenhum homem na terra supusera
que para além das suas
outras almas havia…
Para além da fronteira racional
que já há muito da Ásia nos separara,
a verdade é que bem contadas
poderia haver, embora raras,
outras almas que a incrédula cristandade não previra.
Umas, em plano superior, se apartaram,
outras, em plano abaixo do desejável
por cá ficaram…
E assim se explica que hoje,
embora sejamos ainda mais bilhões
do que os corpos então contáveis,
vivamos parcos de almas
e em vez delas
surjam uma espécie de cópias descartáveis
que, de tão habituais, parecem reais
modelos de referência inimitáveis.

Cristina Pombinho

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