27 de agosto de 2004

Apologia do Ócio


Ora, toda a gente sabe que a filosofia (pelo menos a ocidental) surgiu graças a uma cambada de gregos sem nada para fazer que resolveu pôr-se a pensar sabe-se lá no quê. Também não interessa saber se essa actividade surtiu algum efeito nos tempos que correm, a verdade é que a reflexão é agradável e precisa de espaço e tempo. E, como as coisas mais interessantes da humanidade são aquelas que não servem absolutamente para nada mas também são as únicas que nos permitem viver em vez de sobreviver, hoje venho aqui reclamar o meu direito ao ócio.
Tenho tido uns dias de trabalho tão calmos que até pensei que trabalhar, afinal, fazia bem - estava com algum tempo, podia pensar, fumar uns cigarrinhos descontraída, olhar para o céu (que tem estado azul, ao contrário de algumas previsões pessimistas), parecia até que a criatividade estava mais fluída... e até ía fazendo algumas daquelas coisitas que consideramos úteis (ver o correio, preparar os apoios para o próximo ano, organizar os cacifos dos alunos, etc.) quando hoje de manhã, subitamente, dei por mim a trabalhar quatro horas seguidas, sem tempo para vir aos blogs nem sequer reparar na cor do céu... Assim não se pode pensar, sem pensamento não há filosofia e, quanto aos outros não sei, mas eu, que sou da área, quero reclamar o meu direito ao pensamento.

1 comentário:

oasis dossonhos disse...

esta tarde ao descobrir o novo texto achei que por este andar um dia destes temos matéria para um livro diferente, que até pode ter o nome do blog...sinceramente acho estas tuas reflexões muito interessantes, merecem edição em papel...Se alguém vier aqui espreitar, por favor deixe opinião. Concordam comigo?